Atualmente com o desenvolvimento tecnológico e o grande mercado da construção civil, estão construindo edificações com pilares cada vez mais esbeltos, ou seja, com dimensões transversais reduzidas, principalmente quando tem-se arquiteturas mais ousadas ou quando querem economizar na obra.
Porém, uma obra de construção civil é projetada para que possa ter uma vida útil de 50 anos, isso é, sem que venha a ruínas ou ocorram problemas que inviabilize o bom uso da edificação como trincas ou deformações excessivas, contradizendo assim o “dito popular” de que “eu sempre fiz assim e nunca caiu”. Para que isso seja possível, existem normas que ditam a boa técnica e projeto das edificações.
Para o caso dos pilares, a NBR 6118/2014 que trata do projeto de estruturas de concreto armado, impõe que a menor dimensão para um pilar seja de 19 cm, podendo ser reduzida até 14 cm desde que se multiplique as cargas deste pilar por um coeficiente majorador, que no caso de uma dimensão de 14 cm majoraria em 25 % as cargas sobre esse pilar. Em qualquer caso, não se permite seção transversal menor que 360 cm².
Muitas vezes é feito confusão até mesmo entre os engenheiros com relação ao uso da norma de desempenho NBR 15.575, que no item 7.2.2.1 tem o seguinte texto:
“Para casas térreas e sobrados, cuja altura total não ultrapasse 6,0 m (desde o respaldo da fundação de cota mais baixa até o topo da cobertura), não há necessidade de atendimento às dimensões mínimas dos componentes estruturais estabelecidas nas normas de projeto estrutural específicas (ABNT NBR 6118, ABNT NBR 7190, ABNT NBR 8800, ABNT NBR 9062, ABNT NBR 10837 e ABNT NBR 14762), resguardada a demonstração da segurança e estabilidade pelos ensaios previstos nesta Norma (7.2.2.2 e 7.4), bem como atendidos os demais requisitos de desempenho estabelecidos nesta Norma.”
Se prestar-mos bem atenção nas frases destacadas acima, a NBR 15.575 apenas dá resguardo para que se construam as casas térreas de modo convencional, pois dificilmente será possível utilizar esse critério para edificações com mais de um pavimento, já que esses 6 metros incluim desde o respaldo da fundação até o topo da cobertura, contando com telhado e reservatório.
É necessário também atender os critérios de desempenho, ou seja, além de observar a estabilidade da estrutura, é necessário atender as condições de proteção contra corrosão (como o cobrimento mínimo de concreto), fissurações etc.
O fato de uma edificação ser construída com pilares de 12 cm não significa que ela irá cair, uma prova disso são as construções espalhadas pelas favelas de todo o Brasil, o que se propõem com o uso adequado das normas, são que sejam atendidas as boas práticas de projeto e construção de modo que a edificação alcance sua vida útil de pelo menos 50 anos, sem apresentar patologias que inviabilize sua utilização ou a vida do usuário.
Portanto, é equivocado o entendimento de que é permitido a utilização de pilares menores que 14 cm como impões a NBR 6118, pois a NBR 15.575 apenas permite utilizar pilares menores na situação de casas térreas menores que 6 m de altura, desde que tenham um estudo para comprovar a garantia de desempenho mínimo da estrutura.

Ronivon Bessa
Engenheiro Civil
CREA-RN nº 211885555-9